Uesc tem patente concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial
No quesito inovação tecnológica, a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) continua dando passos largos para consolidação da sua excelência. O Sistema Vertical de Secagem Solar, do professor Jorge Henrique de Oliveira Sales do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas (DCET/Uesc), obteve a patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Trata-se de um secador vertical solar que propõe um sistema para a secagem de grãos. Uma estufa especial, cuja altura é aproveitada para o processo de secagem, devido ao empilhamento de bandejas no interior da mesma trazendo algumas vantagens como redução drástica da área de secagem, redução do esforço manual devido a um mecanismo específico de fluxo de bandejas e utilização somente a energia solar.
Segundo o professor Jorge Sales, “tradicionalmente, as etapas do processo de pós-colheita possuem baixo rendimento e alto custo devido às operações serem realizadas manualmente. Além dos constantes perigos de acidentes com os trabalhadores que fazem a quebra manual do cacau, as formas rudimentares de trabalho e o baixo nível de higiene na manipulação das operações de quebra do cacau despolpa, extração do mel, fermentação e secagem, tem afetado a qualidade do cacau como a possibilidade de obtenção de subprodutos. Fato esse que tem elevado o custo do produto final. As etapas de pós-colheita do cacau são comparativamente mais difíceis de ser executada do que a de outros produtos, em razão do formato e composição do fruto, da baixa uniformidade de maturação, das várias etapas requeridas e da necessidade de operações que requerem muita mão de obra".
Explica o professor Jorge Sales, acrescentando "que diante do alto custo de produção, do baixo rendimento do trabalho e da escassez crescente da mão de obra, a mecanização da pós-colheita do cacau vem se tornando uma necessidade no sentido de aumentar a eficiência do trabalho, a qualidade do cacau e um melhor aproveitamento dos subprodutos (mel do cacau, polpa e casca), contribuindo significativamente para o aumento da rentabilidade da atividade”.
“A Patente de Invenção, concedida pelo INPI, do Secador de Cacau Vertical é uma das etapas da pós-colheita de extrema importância. A secagem é o estágio do beneficiamento em que se elimina o excesso de água existente no cacau recém-fermentado, reduzindo a umidade inicial de 50 a 55% para 7% a 8%, com a finalidade de assegurar a conservação durante o armazenamento e permitir a redução da acidez. O nosso equipamento tem vantagem no tempo de secagem e na eliminação de contaminantes. Para mim, o que representa essa vitória é conseguir responder e propor soluções para as necessidades da sociedade local. O exemplo está na proposta de secagem que agora está sob patente,” comemora o pesquisador.
A pesquisa do Secador Vertical teve início em 2011 quando um produtor rural, Arthur Vieira, apresentou vários problemas existentes no processo de secagem do cacau. “Escrevi um projeto e pedir bolsas de iniciação científica para a Fapesb e CNPq. Fizemos a construção de modelos matemáticos e computacionais. Com os resultados obtidos, construímos um protótipo que validou o modelo. De posse disso, procuramos o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-Uesc) para pedir ao INPI a patente. Agora, com a patente, vamos conversar com os alunos da empresa LIFE Jr/Uesc, para estudo de viabilidade do equipamento para aplicabilidade comercial da região Sul da Bahia e no Pará visando principalmente o agricultor carente de tecnologia,” explica o professor.
O secador vertical proporciona vantagens como a redução da área necessária para a secagem, não requerer energia elétrica (para ventilação forçada), nem queima de lenha para a secagem, mas usando somente energia solar, que incidem sobre suas paredes e teto. Outra vantagem é a eliminação das condições insalubres do trabalho do operador de manejo dos grãos a céu aberto, a temperatura geralmente elevada em estufas, ou sob raios ultravioletas, podendo atingir mais de 40ºC, sem ventilação.